quarta-feira, 1 de julho de 2009

A (des) importância do horizonte

Hoje, completo mais uma volta ao redor de mim mesmo. Assim como o movimento de translação que é a volta da terra em relação ao sol, como a mesma damos muitos contornos sobre nós mesmos. Mas, isso é muito perigoroso. Na linguagem popular, ‘ficar dando voltas’ é não chegar ao ponto, não ir a um lugar preciso e exato.
Não sei se na vida existe um lugar para ir e um lugar para chegar. Duvido muito daquele tipo de afirmação: você tem que chegar em algum lugar e me vem a imagem daquela criança que deseja tocar o horizonte, ela anda, anda e horizonte sempre fica a frente, na mesma distância e por mais que ela dê passos sempre será em vão, pois o horizonte não ficará nem perto nem longe, sempre no mesmo lugar, distante ainda que bonito.
Os horizontes não foram feitos para serem tocados, para nele chegar, antes de tudo para caminhar, para segurar os sonhos, para nos motivar, para nos incitar a caminhar não chegar até ele. Mas, caminhando estaremos sobre a vida, passeando, conhecendo, existindo na vida e a vida existindo em nós. Para ficar claro, o horizonte não é para chegar, mas, para nos movimentar e alimentar nossos sonhos e utopias.
Pode até ser que não cheguemos até o horizonte. No final descobrimos que o importante não era chegar até ele, mas, que o mais importante era, exatamente, chegar em tantos lugares que só foram possíveis devido a presença do horizonte e o encontro com tantas realidades, com tantas pessoas e sonhos e dissabores, lugar nenhum ou lugares que percebidos nos fizeram e proporcionaram tantas alegrias, tristezas, decepções, força, fraquezas, mas, acima de tudo nos dar conta da realidade que nós somos.
O horizonte talvez nos ensine que o mais necessário não é chegar em algum lugar na vida, no final das contas descobrimos que na vida não há lugar para se chegar. Existem sim, lugares para se chegar na vida, e quando se chega em um, deve se chegar em outro e nesse outro aquele outro e vão surgindo outros e mais outros lugares para se chegar. Acima de tudo a vida é dinâmica, movimento, não existe lugar para começar ou terminar. A vida é infinita. Mesmo que chegue em um termo. Sabemos, pelos sussurros do nosso coração que a vida continua, não a paradas... a vida é feita de movimento, não a muito o que explicar e se muito do que viver.
Esse texto não quer chegar em um lugar. Quer apenas ser o horizonte e usar da figura do mesmo para falar da vida, para falar um pouco do que sou e de como vejo: a vida. Não como lugar para se chegar e sim como lugares que olhando para o horizonte, pode ser a esperança, um sonho, Deus, um filho, sei lá qualquer coisa que nos faz andar, um pouco mais além de onde estamos. Pois, somente é possível andar olhando para o horizonte. O que é o horizonte para mim? É tudo aquilo que tem o poder de me fazer caminhar, ir mais além de onde estou e até onde eu estou.

Zenilton Fernandes

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