segunda-feira, 15 de março de 2010

A MORTE


Podem achar estranho estar lendo sobre um assunto como esse, sobretudo, como espírita, uma vez que segundo a Doutrina em sua cosmologia afirma não haver tal realidade. Ouso fazer a proposição do assunto numa tentativa de trazer, uma possível compreensão, a um tema que intriga e tange a bilhares de seres humanos no destino do seu espírito, ou o para onde, após, o instante da segurança daquilo que se chama, agora e, mundo físico – com toda minha sinceridade.

A “morte” para o ser humano, possivelmente, representa uma insegurança e instabilidade, uma vez que marca uma “ruptura” com todo o seu espaço existencial, redes de interação ecológica e estruturas de como viver naquele ambiente já conhecido.
Por mais que um ser humano diga que não tenha “medo” da morte, pode ser que não esteja sendo sincero com ele mesmo. Perguntaria: será que alguém pode se preparar para a morte, de modo que esteja em condições de fazer essa transição com, uma certa, segurança para esse espaço desconhecido?

O fato de caracterizar esse deslocamento do espírito neste espaço do cognoscível para o não conhecido e, do concreto para um espaço completamente “abstrato”, apoio, meu argumento na premissa que a morte é um limiar – uma espécie de vestíbulo – no qual, a mulher e o homem dá um passo para um espaço completamente novo e inusitado, segundo suas categorias de espaço, tempo, realidade que faz parte do que é conhecido para o mesmo.

Por mais que podemos afirmar que seja possível a um ser humano se preparar para a morte, vai sempre se apresentar como um fenômeno completamente novo e inédito, que escapa a todas as experiências do ser humano, como também, ainda que o mesmo tenha vivido outras mortes, dezenas, centenas, tais eventos não se encontram nos registros da sua memória, pelo menos daquela que podemos chamar de natural.

Uma vez tendo o espírito “atravessado” a porta da morte, outra idéia é a mesma como um espaço, de um lugar familiar a outro completamente estranho; no sentido que se vai para. No convencional ao afirmamos, numa viagem que: vamos de Igaporã para Caetité. Esta preposição representa um deslocamento, ou seja, sair de um espaço a outro, também. Logo, ao indivíduo que acredita nesta outra dimensão a morte será este para, no sentido de deslocar, de movimento de um a outro espaço.

A morte seria esse – hífen - de uma realidade conhecida, um espaço explorado, um tempo medido, para essa realidade desconhecida, inexplorada e não medida, hostil ou acolhedora, amiga ou estranha, doce ou amarga. Portanto, completamente nova e inédita. Contudo, nos será ofertada essa experiência não como conhecimento a priore, mas, auferida no processo da feitura desta experiência, à medida que se realiza irá sendo filtrada e passando a ser medida, explorada e conhecida, amigável ou agressiva até a ser familiar.

Todavia, diferente de tudo que falei é possível fazer uma conjectura da morte, como estou fazendo, um exercício de imaginação, sem perder de vista o contexto desta reflexão, sublinho – completamente inédito e inovador. Mesmo ao fazer essa reflexão – a morte se põe como “algo” completamente inédito e não sabido.

Qual o sentido de escrever um texto sobre a morte, então, quando não é capaz de amenizar o sentimento do medo e da apreensão diante de tal fenômeno? Uma perda de palavras? É melhor a sinceridade ao refletir, com bom senso, sobre a realidade transcendente mesmo que não seja capaz de dá uma resposta sobre a mesma.

Ainda existe um possível conforto ao espírito saber que a morte é esse algo, para. A vida não é interrompida, muito pelo contrário. Continua. A morte é essa ruptura, vestíbulo, transição, na certeza que a vida do espírito não encerra no último suspiro, o mesmo escapa ao não-ser (do nada) para a imortalidade da vida, nesta viagem ao aconchego, da Vida, por todo este - Universo – à nossa casa.

Nestas últimas linhas, a morte permanece um outro espaço, um outro tempo e desconhecida – se coloca como um mistério para ser franco. Ao mesmo tempo, se sabe da realidade, não da morte e, sim da vida. Existe algo, existe mais, e, é justamente esse consolo – essa certeza – que nos será, no momento certo, desvelada e oferecida toda experiência e coragem que não temos agora, no entanto, no para será oferecida. Fiquemos na convicção que Deus cuida de nós, agora e sempre. Amém.

15 de março de 2010, segunda-feira – 5h 46 min.