quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

= Conversa Solta



IGAPORÃ, BA. 14 DE FEVEREIRO DE 2006


Quando leio eu escuto e quando escrevo eu falo. Sinto falta de conversas profundas. Para estes assuntos tenho encontrado amigos nos livros. Como tenho me interessado em leitura! Quanto mais escrevo maior é o desejo de ler e quanto mais leio me provoca a escrever.

Tenho me sentido solitário nesses últimos meses. Gosto muito do quarto da minha mãe, o qual eu ocupo e é “meu” e não dela. Aqui fecho a porta e abro a janela é um lugar que encontro comigo, a solidão é minha companheira... leio, leio e expresso meus pensamentos e sentimentos.

Por companheiros: no final de semana estive com “Miguel Sanches Neto” e desde terça trouxe, “Ricardo Freire” e com o último, tento aprender a “liberdade para amar” desprender, deixar o outro livre e suavizar o sentimento de posse. Como é ruim. O querer prender o outro é um estar preso; se quero a minha liberdade e sentir livre, devo soltar o outro e amar sem prender; aprender a deixar o outro livre, como diz Roberto Freire:

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar.

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser.


O seu amor
ame-o e deixe-o
brincar
ame-o e deixe-o
correr
ame-o e deixe-o
cansar
ame-o e deixe-o
dormir em paz¹.

É essa lição, essa liberdade que quero aprender no amor. Meu maior apego a essa vida foi a pessoas que me envolvi afetivamente. Quando não queremos perder o outro, queremos prender e ficar o tempo todo com a pessoa e querer controlar o seu jeito, pois, isso e aquilo me irrita... acabamos por nos tornar refém de nosso amor. Logo, prender o outro é prender a si mesmo. Talvez, a única forma de sermos livres, é desprender do outro, é respeitar sua liberdade... então, aos poucos devolveremos a nossa liberdade a nós mesmos.

Esse é um desafio em minha vida, um combate comigo mesmo e às vezes achamos que é impossível, mas percebo um crescimento. No dia 12 de fevereiro houve um evento na Uneb sobre Fernando Pessoa e fiquei fascinado pelos poemas. Uma pessoa que só tinha o curso primário, bucólico, sentir, sensação... seu Livro do Desassossego é ótimo e suas poesias, fragmentos uma viagem que me salva nestes dias.

Tenho muito que falar... minha vida, meus dias é uma minação... meu tema. Sou eu mesmo, quem sabe uma possibilidade para me conhecer.

“A vida com todos os seus desafios
e cansaços é apaixonante”.